Dylan e seus dilemas
Ola pessoas. ò nois aqui de novo! fugindo da folia (hoje é domingo de carnaval), mas o papo dessa semana e musica espero que quem ler goste do post.
Imagine-se nesta situação: você é
um poeta, no auge da fama, a voz de uma geração (ou pelo menos o rotulam
assim), sua poesia, contesta e provoca nas pessoas, exatamente quilo que você
deseja que ela provoque reflexão aos antenados, mas revolta nos idiotas do
tipo: farsistas, racistas, “conservadores”; essas coisas.
Mas você não esta feliz. Você
conseguiu algo muito difícil. Sua obra não ficou limitada aos limites de uma
folha de papel, mas sim ecoou pelo ar em ondas de radio, que levavam sua voz
nasal e seus textos nem sempre rimados em forma de canção, quase sempre no
formato: voz, gaita e violão.
Só que você não esta feliz. Você
não esta triste, mas também não esta feliz. Sentimentos dissonantes que não
combinam com só toca acordes naturais. Mesmo assim você continua a fazer as
coisas como sempre fez e o deixaram orgulhoso, até finalmente perceber que
aquele caminho, não te pertence mais.
E ai pôs a massa encefálica pra
trabalhar? Desagradável de viver não?
Pois então vamos ao ponto:
Como o titulo deste post já diz,
o personagem em questão é nada mais do que Bob Dylan (se você não conhece esta
lendo o blog errado), que no final dos anos 70, se via aos 39 anos, vivendo uma
crise existencial que acabaria levando-o a se reconciliar com Deus (o cara era
meio judeu, meio ateu sei lá) e a produzir um senhor álbum.
Após viver intensamente os anos
60, ter produzido grandes canções e se firmado como um dos artistas mais
influentes na musica popular do século 20. Bob dylan passou a maior parte da
década de 70, em constante metamorfose. Abandonou o folk e se entregou ao blues
e ao rock, o que lhe rendeu o rotulo de traidor por muitos de seus “fãns”.
Mas, a grande metamorfose não foi
musical e sim no comportamento.
Aos poucos, boatos de que ele
havia se convertido ao cristianismo, pipocavam pelas redações de revistas
especializadas em musica, rádios e tvs de toda a américa. Mas como é habito de
Dylan, logo ele veio a publico e confirmou que não eram boatos e sim fatos.
“É difícil acreditar que Bob Dylan
encontrou cristo” disse algum jornalista maldoso. De toda forma o grande fato
não foi a conversão de bob ao cristianismo, mas sim os frutos musicais dessa
conversão.
“as pessoas acham que deus, só entra na nossa vida, quando estamos: tristes, velhos ou pra morrer; comigo não foi assim”
Bob Dylan
Enquanto muita gente se atinha ao
lado religioso da coisa, a cabeça do artista pré-produzia um trabalho sem
igual, tão intenso que seria capaz de converter qualquer não fãn de rock em
Dylanista fiel e fervoroso.
Agora chega de enrolação. Em 1979
Slow Train Coming, desembarca nas lojas de discos dos estados unidos. Era o
primeiro álbum de Bob Dylan, vivendo seu momento cristão renascido, mas ao
contrario do que muitos pensavam, em vez de um disco gospel (tipo os da fase
brega do Elvis) Dylan lançou um disco inspirado pelo blues e abordando
basicamente os mesmos temas que sempre abordou em suas letras, mas agora de uma
forma menos direta e agressiva.
Tudo isso faz de Slow Train, um
trabalho que consegue ser ao mesmo tempo suave aos ouvidos, mas agressivo em
sua atitude de mostrar aos críticos, que é possível ser espiritualizado sem ser
fanático, depressivo ou piegas.
Apesar de muitas das faixas de
Slow Train fazerem referencia a temas bíblicos como: when he returns (quando
ele retornar), Bob Dylan mostra em todo o disco que ele ainda esta lá, que não
havia sido substituído por uma versão crente e menos poética de si mesmo.
Na verdade, ouvindo as canções
deste “trem lento”, é possível descobrir de onde vêem a influencia para muitos
dos que tem coragem de falar em Deus, Buda e de qualquer outra religião ou
mesmo filosofia de vida em suas canções.
Não sei se Renato Russo, Bono e
Raul Seixas por exemplo, chegaram a fazer as pazes com alguma divindade ao qual
tenham renegado, mas sei que se não fosse por Slow Trayn ( e pode ter certeza
que eles ouviram muito este disco) eles e muitos outros “poetas do rock”,
jamais existiriam.
Resumindo a opera. Se você não
conhece a obra de Bob Dylan ou torce o nariz pra aquela voz nasal do cara, faça
um esforço e como Dylan, tente entender algo que você renega e se reconciliar
com os bons sons. Se possível comece ouvindo Slow Train pode ser que você
surpreenda.
Slow train coming
Lançamento: agosto de 1979
Prudução: jerry wexler e barry backett
Curiosidade: mark knopfler (dire
straits) toca todas as guitarras do disco
Até domingo que vem com mais
nerdices.
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