domingo, 14 de fevereiro de 2016

Capitão sky e o mundo do amanhã


resenha                                                                                                           por: markos paullo

Lançado em 2004, capitão sky e o mundo do amanhã, nasceu mesmo 1998 quando o roteirista e diretor Kerry Conran, produziu um curta metragem de seis minutos.

Este curta serviu de cartão de visitas, para as produtoras de cinema norte americanas, na tentativa de transformar um sonho em realidade, produzir seu primeiro filme.

Só que Kerry Conran acabou criando algo, bem mais interessante do que inicialmente havia planejado pelo menos eu acredito nisso.

O que vemos hoje, são historias em quadrinho virando filmes, mas capitão sky e o mundo do amanhã naquela momento seguiu na contramão, ou melhor dizendo acabou tornando-se um filme que virou uma historia em quadrinho.

Toda a estética, fotografia, movimentação de câmeras, cenários, diálogos; ou seja, absolutamente tudo em capitão sky e o mundo do amanhã, foi baseado na concepção de uma HQ, mesmo não sendo bem essa a intenção.

A historia se não fosse um roteiro de cinema, facilmente chegaria às bancas na forma de uma Graphic Novel que deixaria o mestre Will Eisner, orgulhoso por mais um discípulo, veja a sinopse ai em baixo:



Dr- Totenkopf um cientista desaparecido a pelo menos 20 anos, desenvolveu um plano para exterminar a humanidade, mas antes levaria todas as outras espécies animais para fora da terra numa “arca de noé espacial” e logo em seguida um artefato nuclear explodiria, dizimando toda a humanidade, que na visão dele já estava fadada a extinção.



Temos então: um aventureiro, uma intrépida repórter, uma vilã misteriosa, robôs gigantes, asas robôs voadoras e é claro armas de laser. Achou isso batido? Pode a te ser nos dias de hoje, só que tudo isso se passa nos anos de 1930. Calma eu espero você levantar seu maxilar e fechar a boca.

E ai, dava ou não uma grande historia em quadrinho?   

Só que Kerry Conran não é quadrinista, o negocio do cara é cinema, mas como toda a parte visual do filme ficou a cargo de Kevin Conran (sim são parentes) que é cartunista, o story board do filme (um tipo de roteiro com imagens), foi todo feito em quadrinhos, alem das filmagens ter ocorrido somente em studio, o que deu asas enormes para a imaginação da equipe de efeitos visuais.

A mistura da arquitetura, da moda dos anos 30 com tecnologias futuristas; é o que da ao capitão sky e o mundo do amanhã, uma textura que eu pelo menos não havia visto no cinema, mas é muito comum em trabalhos de artistas como: moebios, will eisner e hergé, quero dizer que poucas obras tem as feições de seus autores e este filme em particular tem a assinatura de seus produtores em cada minuto, do inicio aos créditos finais.



Quando assisti capitão sky e o mundo do amanhã pela primeira vez, fiquei surpreso em ver o cinema se metamorfoseando em outra forma de linguagem, e mais surpreso que essa linguagem fosse à dos quadrinhos para o qual os críticos tanto torcem o nariz.






Mas hoje vendo o filme mais maduro, consigo enxergar um experimento visual, uma busca por outras formas de dar fôlego a sétima arte e principalmente, uma procura por novos caminhos estéticos e técnicos para produzir um grande filme, que bom que no caso do capitão sky e o mundo do amanhã, o caminhos escolhido foi das historias em quadrinho.

Só pra encerrar, fichinha técnica do filme:

Titulo: capitão sky e o mundo do amanhã
Lançamento: 2004
Direção e roteiro: Kerry Conran
Produção: independente

Elenco: Jude Law – Capitão Sky
            Gwyneth Paltrow – Polly Perkins
            Angekina Jolie -Franky  

Curiosidades: Toda arquitetura da nova york retratada no filme, foi inspirada nos desenhos em carvão de: Hugh Ferris, ilustrador e arquiteto dos anos 1930.

E o designer dos carros, aviões e porta aviões veio do trabalho dos ilustradores e industriais: Raymond Lowe e M-Borgetti que são o responsáveis pelo visual aerodinâmico dos veículos da década de 30 e não o estilo “art decô” como muita gente acredita.



Domingo que vem, agente volta com mais nerdices pra todos. Vida longa e prospera!



sábado, 6 de fevereiro de 2016

Dylan e seus dilemas



Dylan e seus dilemas

Ola pessoas. ò nois aqui de novo! fugindo da folia (hoje é domingo de carnaval), mas o papo dessa semana e musica espero que quem ler goste do post.

Imagine-se nesta situação: você é um poeta, no auge da fama, a voz de uma geração (ou pelo menos o rotulam assim), sua poesia, contesta e provoca nas pessoas, exatamente quilo que você deseja que ela provoque reflexão aos antenados, mas revolta nos idiotas do tipo: farsistas, racistas, “conservadores”; essas coisas.

Mas você não esta feliz. Você conseguiu algo muito difícil. Sua obra não ficou limitada aos limites de uma folha de papel, mas sim ecoou pelo ar em ondas de radio, que levavam sua voz nasal e seus textos nem sempre rimados em forma de canção, quase sempre no formato: voz, gaita e violão.

Só que você não esta feliz. Você não esta triste, mas também não esta feliz. Sentimentos dissonantes que não combinam com só toca acordes naturais. Mesmo assim você continua a fazer as coisas como sempre fez e o deixaram orgulhoso, até finalmente perceber que aquele caminho, não te pertence mais.

E ai pôs a massa encefálica pra trabalhar? Desagradável de viver não?

Pois então vamos ao ponto:

Como o titulo deste post já diz, o personagem em questão é nada mais do que Bob Dylan (se você não conhece esta lendo o blog errado), que no final dos anos 70, se via aos 39 anos, vivendo uma crise existencial que acabaria levando-o a se reconciliar com Deus (o cara era meio judeu, meio ateu sei lá) e a produzir um senhor álbum.

Após viver intensamente os anos 60, ter produzido grandes canções e se firmado como um dos artistas mais influentes na musica popular do século 20. Bob dylan passou a maior parte da década de 70, em constante metamorfose. Abandonou o folk e se entregou ao blues e ao rock, o que lhe rendeu o rotulo de traidor por muitos de seus “fãns”.

Mas, a grande metamorfose não foi musical e sim no comportamento.

Aos poucos, boatos de que ele havia se convertido ao cristianismo, pipocavam pelas redações de revistas especializadas em musica, rádios e tvs de toda a américa. Mas como é habito de Dylan, logo ele veio a publico e confirmou que não eram boatos e sim fatos.

“É difícil acreditar que Bob Dylan encontrou cristo” disse algum jornalista maldoso. De toda forma o grande fato não foi a conversão de bob ao cristianismo, mas sim os frutos musicais dessa conversão.


“as pessoas acham que deus, só entra na nossa vida, quando estamos: tristes, velhos ou pra morrer; comigo não foi assim”

Bob Dylan


Enquanto muita gente se atinha ao lado religioso da coisa, a cabeça do artista pré-produzia um trabalho sem igual, tão intenso que seria capaz de converter qualquer não fãn de rock em Dylanista fiel e fervoroso.

Agora chega de enrolação. Em 1979 Slow Train Coming, desembarca nas lojas de discos dos estados unidos. Era o primeiro álbum de Bob Dylan, vivendo seu momento cristão renascido, mas ao contrario do que muitos pensavam, em vez de um disco gospel (tipo os da fase brega do Elvis) Dylan lançou um disco inspirado pelo blues e abordando basicamente os mesmos temas que sempre abordou em suas letras, mas agora de uma forma menos direta e agressiva.


Tudo isso faz de Slow Train, um trabalho que consegue ser ao mesmo tempo suave aos ouvidos, mas agressivo em sua atitude de mostrar aos críticos, que é possível ser espiritualizado sem ser fanático, depressivo ou piegas.

Apesar de muitas das faixas de Slow Train fazerem referencia a temas bíblicos como: when he returns (quando ele retornar), Bob Dylan mostra em todo o disco que ele ainda esta lá, que não havia sido substituído por uma versão crente e menos poética de si mesmo.

Na verdade, ouvindo as canções deste “trem lento”, é possível descobrir de onde vêem a influencia para muitos dos que tem coragem de falar em Deus, Buda e de qualquer outra religião ou mesmo filosofia de vida em suas canções.

Não sei se Renato Russo, Bono e Raul Seixas por exemplo, chegaram a fazer as pazes com alguma divindade ao qual tenham renegado, mas sei que se não fosse por Slow Trayn ( e pode ter certeza que eles ouviram muito este disco) eles e muitos outros “poetas do rock”, jamais existiriam.

Resumindo a opera. Se você não conhece a obra de Bob Dylan ou torce o nariz pra aquela voz nasal do cara, faça um esforço e como Dylan, tente entender algo que você renega e se reconciliar com os bons sons. Se possível comece ouvindo Slow Train pode ser que você surpreenda.

 
 Slow train coming
 Lançamento: agosto de 1979
Prudução: jerry wexler e barry backett

Curiosidade: mark knopfler (dire straits) toca todas as guitarras do disco



Até domingo que vem com mais nerdices.